Cesária Évora: A Rainha da morna
Cesária Évora, a diva dos pés descalços, foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana. Ao longo da sua carreira vendeu mais de 8 milhões de discos em todo o mundo.
Ela foi mundialmente conhecida por cantar morna, um género musical tradicional de Cabo Verde, caracterizado por um estilo melancólico e romântico, considerado um símbolo da identidade do país.
Sobre este estilo de música, é importante dizer que em 11 de dezembro de 2019, a morna foi oficialmente reconhecida como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Este reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura é um tributo à Cesária Évora e ao seu trabalho incansável e importante para promover a música e a valorização deste patrimônio cultural de Cabo Verde. No país que a viu nascer, ela se destaca como sendo um símbolo da cultura.
Todo este reconhecimento da rainha da morna, deve-se graças a sua voz perfeita para interpretar a morna.
Dona de uma voz rouca e inconfundível, as interpretações de Cesária Évora eram emocionantes, pois colocava todo seu sentimento em suas canções.
No palco, ela tinha uma forte presença, e tinha um hábito inusitado, cantar com os pés descalços. Por isso, foi apelidada de “a Diva dos Pés Descalços” e isso tornou a sua marca registada, simbolizando a simplicidade e a autenticidade da sua música.
Começou a cantar profissionalmente aos 40 anos, e aos 47 anos de idade, Cesária se tornou uma estrela internacional. Com este reconhecimento, ela pisou palcos internacionais importantes, como o Olympia de Paris e o Carnegie Hall de Nova York.
Início da Carreira
Na década de 1960, Césaria Évora começou a cantar em bares e hotéis de Mindelo, interpretando mornas e coladeiras, gêneros musicais tradicionais de Cabo Verde. Na década de 70, mudou-se para Portugal, onde a sua carreira começou a ganhar impulso.
Em 1988, lançou seu primeiro álbum internacional, “La Diva aux Pieds Nus”, que a apresentou ao público europeu.
Ascensão Internacional
Nos anos 90, as suas interpretações musicais fizeram grande sucesso internacional. Álbuns como “Miss Perfumado” (1992) e “Cabo Verde” (1997) alcançaram reconhecimento global. E os seus temas musicais frequentemente abordavam a saudade, a perda, o amor, a vida cotidiana em Cabo Verde e a condição feminina.
Em 2004, Cesária Évora ganhou o Grammy Award de Melhor Álbum de World Music Contemporânea por “Voz d’Amor”, seu nono álbum de estúdio lançado em 2003.
Músicas de grande sucesso
Uma das músicas mais conhecidas de Cesária Évora é “Sodade”, seguido de “Petit Pays”, uma canção alegre e nostálgica sobre Cabo Verde, um hino à terra natal de Cesária.
Faz parte também das músicas de grande sucesso da diva dos pés descalços, a morna intitulada “Besame Mucho”, uma versão cover da famosa canção mexicana, uma interpretação sensual e apaixonada.
A música “Angola”, é uma outra canção da Cesária. Esta canção fala sobre a guerra civil em Angola, e é um poderoso e comovente apelo à paz.
Na discografia das famosas músicas da cantora, temos ainda a morna “Mar Azul”, uma bela canção sobre o mar e uma ode à beleza e ao poder do oceano.
Reconhecimento
Considerada a maior intérprete da morna de todos os tempos, Évora foi homenageada por vários artistas, incluindo Caetano Veloso e Marisa Monte.
Daí, em Março de 2022, o documentário Cesária Évora, sobre a vida da cantora cabo-verdiana, foi estreado mundialmente no festival South by Southwest, tornando-se a primeira longa-metragem portuguesa a figurar na seção oficial deste festival estadunidense.
Já o filme “Tchindas”, que presta homenagem a sua música, realizado pela jornalista portuguesa Ana Sofia Fonseca, foi estreado em Portugal durante a jornada inaugural da edição 2022 do festival.
Quanto aos livros publicados sobre a Cesária, existem cerca de cinco. A maioria é da autoria de escritores estrangeiros de país como Portugal, França e Polónia.
Dos vários livros publicados sobre a cantora, o livro, Cesária Évora: A Voz de Cabo Verde, A Rainha dos Pés Descalços e Uma Vida em Canções são os que mais se destacam.
Ao redor do mundo, existem alguns bustos feitos em homenagem a rainha da morna. Em Cabo Verde, existe um na ilha do Sal, no aeroporto da ilha e a outra em São Vicente, no centro da cidade.
Nas cidades de Paris, Rotterdam e Lisboa também se pode encontrar o busto da cantora, uma representação simbólica e cultural, que ajuda a manter viva a memória de Cesária Évora.
Vida pessoal
Cesária Évora, nasceu a 27 de agosto de 1941 e teve dois filhos, Eduardo Évora e Fernanda Évora. Na casa onde vivia Cesária, atualmente, o lugar se tornou uma espécie de museu.
Fim da carreira
Aos 70 anos de idade, Cesária Évora pôs um ponto final na sua longa carreira em 2011. Neste mesmo ano, ela veio a falecer no dia 17 de dezembro por “insuficiência cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada”.
36 horas antes de sua morte, um jornalista espanhol do jornal “Público” falou com ela em sua casa, em Mindelo.
Legado
Dona de uma voz única, de uma personalidade autêntica e de reconhecimento internacional, Cesária Évora foi um exemplo de talento, perseverança e paixão pela música, deixando um legado inestimável para as futuras gerações.
O seu contributo para a popularização da morna e da cultura cabo-verdiana em todo o mundo, foi importantíssimo. Por essa razão, ela se tornou um ícone marcante da música cabo-verdiana.
As suas canções continuarão, sempre, a inspirar e a emocionar os amantes da música em todo o mundo. Duradouro e eternizante é o legado da Cesária Évora na música em Cabo-Verde e além-fronteira.
